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#VozNaCJ: Primeiro relato de um soropositivo para nossa campanha social

  • Fernando Maia
  • 30 de ago. de 2017
  • 5 min de leitura

A CJ divulgou no dia 2 de agosto um projeto social que visa dar voz aos portadores do vírus HIV.

Estamos aqui para levar informação de credibilidade e também para prestar solidariedade aos nossos leitores.

Foto: Reprodução/Instagram

A nossa primeira história não poderia começar de maneira melhor. O primeiro relato do nosso projeto vem do Sul do país: é a história do Geovanni Henrique. Goiano, morador de Caxias do Sul - RS, de 25 anos.

O destaque para a história do Geovanni começa quando ele decidiu contar, através do Facebook, que é soropositivo.

O caso - que ocorreu no início deste ano -, se tornou um viral das redes, atingiu milhares de curtidas e compartilhamentos, chegando até o programa Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo, onde ele teve sua história narrada pelo ator global Gabriel Chadan.

O Geovanni é um rapaz de muita personalidade e extremamente carismático, que bateu um papo com o nosso redator, Fernando Maia, e nos contou a sua história.

Confira a entrevista:

Fernando Maia: Você é goiano?

Geovanni Henrique: Sim, goiano.

FM: Por que escolheu viver no Sul do Brasil?

GH: Porque eu não queria mais morar sozinho em Goiânia. Daí eu resolvi vir pra cá pra morar com meu irmão.

FM: E seus pais?

GH: Eles moram lá no interior de Goiás.

FM: Planeja voltar pra Goiás algum dia?

GH: Por enquanto, não. Mas eu sou meio louco, não consigo ficar num lugar por muito tempo.

FM: Descobriu ser soropositivo a quanto tempo?

GH: Em 2014, quando fui fazer exame de rotina.

FM: Quais foram suas reações iniciais?

GH: Chorei muito. Não sabia muito sobre o vírus, daí contei para meus pais e amigos. Depois foi ficando mais claro e hoje em dia tá tudo muito bem.

FM: Qual foi a principal motivação para fazer o post no Facebook?

GH: Um dia antes da publicação, eu tive relação com um rapaz que viu a minha medicação. Após isso, ele me perguntou algumas coisas. Como eu já estava cansado de passar por situações semelhantes, eu resolvi publicar para que todos soubessem da minha sorologia. Já estava cansado de ter que ficar escondendo esse fato e passar por situações como essa.

FM: Você imaginaria que a sua história fosse viralizar?

GH: Não. Eu imaginei que no começo as pessoas realmente iriam comentar, mas não pensei que chegaria a sair em matérias de jornais.

FM: Você acredita que as redes sociais é um local seguro para abordar um assunto tão importante?

GH: Sim. Creio que temos que usar ela a nosso favor, disseminar o conhecimento sobre um assunto que é tão pouco falado.

FM: Depois de toda aquela repercussão nas redes, algo mudou na sua vida, em seu cotidiano?

GH: Só fiquei um pouco conhecido. E as pessoas me procuram quando descobrem a sorologia também.

FM: E você desenvolve ou participa de algum projeto social ligado ao assunto?

GH: Não.

FM: As pessoas te abraçaram pela sua coragem. Você aconselharia outras pessoas a fazerem o mesmo?

GH: Então, acho que se todos tivessem a tranquilidade de falar sobre o assunto e sobre a sorologia, talvez não tivéssemos tanto preconceito. Porém, isso vai depender muito de cada pessoa. Mas fui bem recebido pelas pessoas.

FM: Você acha que é uma outra pessoa em relação aos 2 últimos anos?

GH: Claro, isso me ajudou a trabalhar melhor a minha mente.

FM: É praticante de algum esporte ou gosta de atividades físicas?

GH: Não (Risos), mas pretendo.

FM: Na sua vida, como um todo, tem algo que mudou e que você destaca após descobrir ser soropositivo?

GH: Acho que foi manter o meu psicológico bem, porque sabemos que o vírus não vai causar mal graças ao tratamento, mas a mente da gente tem que estar equilibrada pra não te deixar colocar coisas ruins na cabeça. Então acho que eu pude crescer com isso.

FM: Em relação ao tratamento, como você vê a saúde pública no Brasil em relação ao HIV?

GH: Então, agora tá meio complicado. Mas o Brasil era um dos melhores países em questão de tratamento do HIV, se não fosse o primeiro. SUS tem toda uma estrutura para quem tá começando o tratamento e os melhores medicamentos. Mas infelizmente está faltando medicação na rede pública.

FM: Em algum momento isso chegou a te atrapalhar em alguma etapa do seu tratamento?

GH: Ainda não. Na verdade, sim (risos). A falta da medicação ainda não me afetou, mas os exames de CD4 e carga viral tá em falta. Tive que fazer exames particulares. Esses exames são importantes para saber como está a nossa imunidade e a quantidade de vírus no corpo.

FM: Com que frequência você faz exames?

GH: Faço de 6 em 6 meses.

FM: Já está a quanto tempo morando no sul?

GH: Tem um ano e meio.

FM: Então você iniciou o tratamento em Goiás?

GH: Isso, em 2014.

FM: Qual estado demonstrou melhor estrutura para tratamento, Goiás ou Rio Grande do Sul?

GH: Os dois. Mas Goiás tem o HDT (Hospital de Doenças Tropicais) que é um hospital de referência e aqui em Caxias não tem. Não sei em Porto Alegre.

FM: E você perdeu "amigos" depois que assumiu publicamente sua sorologia?

GH: Uma pessoa que eu gostava sim. Mas creio que não por ele, mas sim pela família dele.

FM: Atualmente está se relacionando com alguém?

GH: Estou sim.

FM: E houve alguma dificuldade por parte do seu companheiro em relação a toda sua história?

GH: Não, a gente se conheceu depois de eu ter me exposto.

FM: Ele é soropositivo também?

GH: Não.

FM: Tem planos para o futuro?

GH: No momento começar a faculdade de Serviço Social. Quero ajudar as pessoas de alguma forma.

FM: Planeja ter filhos algum dia?

GH: Sim, mas nem sei quando.

FM: Atualmente qual é sua ocupação?

GH: Sou recepcionista de hotel.

FM: Amante de música pop?

GH: E eletrônica também.

FM: Só pra descontrair, Lady Gaga ou Katy Perry?

GH: Sou mais de ouvir Katy Perry. Não sou muito fã da Lady Gaga.

FM: Você esteve contando sua história para a Fátima Bernardes, no programa Encontro, para todo o Brasil. O que se passava na sua cabeça diante de todas as informações até aquele momento?

GH: Pra mim era tudo muito novo, né. Estava com um pouco de medo de falar coisas que não deviam. Estava tenso.

FM: Em algum momento a produção te orientou antes, sobre o que podia falar ou não?

GH: Eles disseram que não iriam falar de números, coisas científicas. Pediram para contar sobre o amigo que pediu para eu me afastar.

FM: Qual é a grande lição que você tira de tudo isso?

GH: Então, várias pessoas me procuram pra desabafar, conversar. Não sou psicólogo, mas é muito gratificante ter um ponto de confiança para tentar ajudar alguém. Mas vou me qualificar nisso. A maior lição para mim é o sentimento de alegria que temos em poder ajudar o outro.

FM: Nosso projeto quer ouvir histórias motivadoras como a sua. Quer conhecer a história de outras pessoas também. Estamos aqui pra ouvir e informar. Gostaria que você deixasse uma mensagem sua para os leitores da Comunidade Jornalística.

GH: Que as pessoas saibam tirar proveito de certas coisas que achamos que é ruim para nossa vida. Isso ajuda a gente a crescer espiritualmente e levar uma vida mais tranquila.

Com essa história inspiradora do Geovanni, nós queremos ouvir a sua também. Não é necessário se identificar, estamos aqui para oferecer nossa solidariedade e ceder nosso espaço a vocês.

Responsabilidade social também é nossa causa. Entre em contato conosco através das nossas redes ou com alguém de nossa equipe.


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