Ressaca na economia
- Maiume Ignacio
- 20 de out. de 2017
- 2 min de leitura

O mar está calmo, mas não por muito tempo. O aviso veio no dia anterior. Uma grande chuva com ventos se aproxima e é hora de recolher os barcos da beira da praia. Em Barra Velha, litoral norte de Santa Catarina, os últimos meses tem tido muitos dias assim. Enchentes e ressacas prejudicam a economia local, com danos a população, aos cofres públicos e aos turistas que procuram a cidade na alta temporada.
Desde o início do ano, já foram catalogadas sete ocorrências graves. A Defesa Civil municipal estima gastos que chegam a quase um milhão e meio de reais. Porém, esse valor parece ser apenas o começo. A pequena cidade conta com oito praias principais - dentre estas, apenas a do Tabuleiro começa a receber medidas paliativas de contenção das águas, com a colocação de pedras para conter o avanço do mar às ruas e a restinga.
Barra Velha é conhecida por ter como base econômica os setores de serviços, comércio local, gastronomia e turismo. Cristiano Soares Ribeiro, professor do curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí e graduado em Ciências Econômicas destaca a falta de planejamento da infra estrutura turística pelo poder público e a degradação do meio ambiente como as principais causas da destruição nas praias. Dessa forma, o turismo e demais áreas são afetadas devido a isolamentos, queda de encostas, chuvas torrenciais e alagamentos, responsáveis por inibir o fluxo de visitantes.
A Constituição Federal Brasileira prevê como responsabilidade do Estado o reparo dos danos de fenômenos da natureza. Após esta ação, segundo o coordenador da Defesa Civil municipal, Elton Cesar Cunha, é montado junto ao Corpo de Bombeiros Militar um grupo de ações coordenadas, para prestar ajuda comunitária a população.
Não é de hoje que o problema traz consequências para seus moradores. Adriana Cristina Souza reside no município há onze anos e conta já ter perdido móveis e pertences em um alagamento ocorrido em 2008. “Eu estava trabalhando e ao chegar em casa me deparei com tamanha tristeza.” A estudante de Direito observa o fato da má construção de tubulações pluviais em seu bairro e diz que se fossem mais bem planejadas, talvez, não ocasionariam tantas perdas.
De acordo com declaração publicada em matéria do site Mundo Estranho, do oceanógrafo Joseph Harari, da Universidade de São Paulo, (USP), “No Brasil, as ressacas são quase sempre causadas por frentes frias que atingem o Sul e o Sudeste. Podem ocorrer dezenas de vezes por ano, mas, felizmente, é possível prevê-las até cinco dias antes”. A previsão unida a prevenção podem ser o caminho para diminuir os prejuízos econômicos causados por estes desastres climáticos. Segundo o professor Ribeiro, em Florianópolis, na praia da Armação, alguns projetos começaram a ser desenvolvidos, mas se mostraram incompletos e insuficientes. Ribeiro ainda aponta os moldes europeus como exemplo de planos bem sucedidos, onde barreiras artificiais foram criadas para minimizar os impactos.

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